Cecília Meireles
Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessesm encontrado.
(Fevereiro de 1956)
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Eternidade inútil
Cecília Meireles
Até morrer estarei enamorada
de coisas impossíveis:
tudo que invento, apenas,
e dura menos que eu,
que chega e passa.
Não chorarei minha triste brevidade:
unicamente a alheia,
a esperança plantada em tristes dunas,
em vento, em nuvens, n'água.
A pronta decadência,
a fuga súbita
de cada coisa amada.
O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil.
Até morrer estarei enamorada
de coisas impossíveis:
tudo que invento, apenas,
e dura menos que eu,
que chega e passa.
Não chorarei minha triste brevidade:
unicamente a alheia,
a esperança plantada em tristes dunas,
em vento, em nuvens, n'água.
A pronta decadência,
a fuga súbita
de cada coisa amada.
O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil.
Apontamento
Cecília Meireles
Ó noite, ó noite, ó noite!
Luar e primavera
e os telhados cobrindo
sonhos que a vida gera!
Subo por essas horas
solitária e sincera,
e encontro, exausta e pura,
minha alma que me espera.
(2 de maio de 1959)
Ó noite, ó noite, ó noite!
Luar e primavera
e os telhados cobrindo
sonhos que a vida gera!
Subo por essas horas
solitária e sincera,
e encontro, exausta e pura,
minha alma que me espera.
(2 de maio de 1959)
terça-feira, 29 de junho de 2010
Tanto tanto - Vander Lee
Eu olho o mundo da janela
eu vejo o filme além da tela
os dias passam como por encanto
Eu passo como quem não passa
sou meio triste e acho graça
tem tanta gente triste que disfarça
Caminho ao seu lado sem falar
mas canto uma canção pra te alegrar
só peço que não tente compreender
tanto tanto
Dou tudo pelo seu carinho
mas gosto de ficar sozinho
olhando da janela do meu quarto
Mas quando você chega tarde
eu quase morro de saudade
já louco pra fazer suas vontades
Caminho ao seu lado sem falar
mas canto uma canção pra te alegrar
só peço que não tente compreender
tanto tanto
Nenhum de nós conhece o mundo
o bem o mal o céu profundo
no fundo tudo é muito diferente...
eu vejo o filme além da tela
os dias passam como por encanto
Eu passo como quem não passa
sou meio triste e acho graça
tem tanta gente triste que disfarça
Caminho ao seu lado sem falar
mas canto uma canção pra te alegrar
só peço que não tente compreender
tanto tanto
Dou tudo pelo seu carinho
mas gosto de ficar sozinho
olhando da janela do meu quarto
Mas quando você chega tarde
eu quase morro de saudade
já louco pra fazer suas vontades
Caminho ao seu lado sem falar
mas canto uma canção pra te alegrar
só peço que não tente compreender
tanto tanto
Nenhum de nós conhece o mundo
o bem o mal o céu profundo
no fundo tudo é muito diferente...
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Desejo simples
Vai passando o carroceiro
na redoma imaculada
da humildade.
Seu olhar fita a capela,
o sino, o santo que vela
a cidade.
Eu queria ser-lhe a lágrima,
o gesto, o chapéu de palha
neste instante.
E tornar branca a paisagem
que me fiz como estiagem
tão constante.
Tudo segue seu destino
e o humilde peregrino
vai-se embora.
Só eu fico na clausura
de mim, à minha procura
noutro agora...
(Poema de Kalliane Amorim)
Nas grades da ponte
Nas grades da ponte é o título do segundo CD de Graciele de Lima, que, além de compor, canta, toca e escreve não só músicas, como também poemas e contos. Aqui vai uma das canções que compõem o CD:
Manhã (Tráfego)
Enquanto espero no sinal fechado
Enquanto berro, grito pra todos os lados
Muito já avançam e tocam um fim
E esse meu brado abafado deixo ecoar só em mim
E aí olho pro lado
O tráfego continua e só eu
Permaneço estátua na rua tentando encontrar
A chave que por milagre venha me achar
Afinal, não é mal querer me encontrar
Vejo carros e passos apressados ou mansos a passar
E olhar atentos o meu estar
Fustigar meu medo, questionar
A vida termina e eu preciso começar
Manhã (Tráfego)
Enquanto espero no sinal fechado
Enquanto berro, grito pra todos os lados
Muito já avançam e tocam um fim
E esse meu brado abafado deixo ecoar só em mim
E aí olho pro lado
O tráfego continua e só eu
Permaneço estátua na rua tentando encontrar
A chave que por milagre venha me achar
Afinal, não é mal querer me encontrar
Vejo carros e passos apressados ou mansos a passar
E olhar atentos o meu estar
Fustigar meu medo, questionar
A vida termina e eu preciso começar
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